terça-feira, 6 de maio de 2008

Perfil literário


Para Eugénio de Andrade não há culpa. Ajusta-se à natureza e usa um olhar puro perante a realidade do mundo, pedindo apenas o gozo da sua beleza efémera. É dos poetas contemporâneos mais importantes porque é lírico, original na expressão poética e, usa a sensualidade discreta, pura e franca. Na sua poesia usa muitas metáforas, é transparente e claro, e nela tudo se concentra de modo emotivo e contido, mas sem confissões. Esta poesia ultrapassa um sentimento de frustração porque celebra momentos de plenitude em que tudo se transforma numa elegia (composição poética consagrada ao luto e à tristeza) sem carácter sentimental. Eugénio é o “poeta da revelação momentânea”, objecto de reflexão numa consciência sem barreiras. O poeta transforma tudo de modo pessoal, com sensibilidade e consciência da sua originalidade. Não seguiu movimentos ou grupos literários tentando, nos anos 40, a modernização e aprofundamento da linguagem. Segundo Ramos Rosa, Eugénio de Andrade representa a fidelidade ao espaço instantâneo, e sabe escolher as palavras e imagens para transmitir, com musicalidade, o sentido do maravilhoso, da esperança e, da plenitude.

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